Ensinamento - Passagem

Muitos anos atrás, um jovem monge varria o pátio do mosteiro para recolher todas as folhas que as arvores deixavam cair na entrada do outono. Era uma tarefa árdua, porque quando ele terminava de limpar de um lado do jardim, o outro já estava carregado de novas folhas que o vento da montanha trazia. Assim, foi passando o dia, até que bem na entrada da tarde o vento havia parado e miraculosamente ele havia podido juntar todas as folhas do jardim. Nesse exato momento, o abade do mosteiro estava passando e o jovem monge chamou a atenção dele para mostrar o trabalho concluído. O abade foi até o jardim, olhou o trabalho e perguntou ao monge se ele não achava que faltava algo no jardim. O jovem monge também olhou em volta com o ar de preocupação teve que admitir que ao jardim faltava alguma coisa. O abade perguntou ao jovem monge se ele sabia o que faltava para o jardim estar completo. O jovem monge, pensando que o abade tentaria testar seus conhecimentos sobre o Zen ou sobre a vida de Buda, começou a repentinamente a remoer a memória sobre todas as passagens da historia do budismo, tentando lembrar de datas, horas e situações parecidas com o outono, jardins, vassouras, enfim. Derrotado na sua turbulenta busca mental, teve que admitir que havia perdido, mais uma vez, uma oportunidade junto ao abade do mosteiro , e teve que reconhecer seu fracasso no mondo (em japonês, significa a serie de perguntas entre mestre e discípulo). Tristemente, o jovem monge respondeu que não sabia o que estava faltando ao jardim para que ele voltasse a ser o mesmo. O abade simplesmente olhou o jovem, caminhou ate a arvore mais próxima e começou a sacudi-la para que novamente as folhas novamente fizessem parte do jardim no outono. Em seguida, sorriu para o jovem e se foi.

Essa é só mais uma das passagens Zen. Os antigos mestres Zens repetiam ate cansar teorias alusivas ao esforço correto, mas só alguns, com muita sorte, puderam compreender que, ao atirar um arco, a flecha sai somente quando você para o esforço...